A adoção é um processo complexo que transforma vidas e oferece novas oportunidades, tanto para as crianças quanto para as famílias adotivas. No entanto, dentro dessa jornada, há uma realidade dolorosa que precisa ser enfrentada: a desistência da adoção e a devolução de crianças adotadas.
Esses eventos, especialmente quando ocorrem após um longo período de convivência, podem ter impactos emocionais devastadores para todas as partes envolvidas.
É essencial compreender os direitos e responsabilidades dos adotantes, bem como os potenciais efeitos negativos dessa decisão sobre o desenvolvimento e o bem-estar das crianças adotadas.
Neste contexto, exploraremos os aspectos legais, emocionais e éticos relacionados à desistência da adoção, buscando fornecer uma visão abrangente e informada sobre um tema delicado, porém fundamental, no contexto da adoção.
Adoção e Estágio de Convivência: Duração e Importância do Estágio de Convivência
O estágio de convivência é uma fase delicada no processo de adoção. Durante esse período, a criança e os adotantes se conhecem melhor, permitindo que ambos avaliem se a adoção definitiva é o melhor caminho. Esse tempo é de extrema importância para a construção de um vínculo afetivo e para o ajuste das rotinas e expectativas de ambos.
Durante essa fase, assistentes sociais e psicólogos acompanham a adaptação, fornecendo o apoio necessário. É fundamental que a desistência venha a ser sinalizada ainda no começo do processo de adaptação, pois, quando feita de forma tardia, torna-se especialmente prejudicial à criança, que já terá desenvolvido laços afetivos e começado a se ajustar à nova família. A interrupção desses vínculos pode causar traumas profundos e duradouros.
Direitos e Deveres dos Adotantes
Os adotantes assumem uma série de obrigações legais e responsabilidades éticas ao decidirem adotar uma criança. Eles têm o direito de receber informações completas sobre a saúde e o comportamento da criança, ao tempo em que são responsáveis por proporcionar um ambiente seguro, amoroso e estável para o desenvolvimento físico, emocional e psicológico do adotado. Isso origina uma base essencial para que possam tomar decisões informadas e responsáveis durante o processo de adoção.
A responsabilidade de criar um ambiente propício para o desenvolvimento do adotado é obrigatória. Isso inclui garantir acesso adequado à saúde física e mental, oferecer educação de qualidade, fornecer apoio emocional contínuo e preservar a identidade e a história da criança.
Participar ativamente de todo o processo de adoção, colaborar com as autoridades competentes e buscar apoio profissional quando necessário são passos fundamentais para alcançar uma adoção bem-sucedida. Essa colaboração não apenas cumpre com os deveres legais dos adotantes, mas também contribui para a construção de um ambiente favorável ao desenvolvimento saudável e feliz da criança adotada.
Consequências e Responsabilidades Legais da Desistência Tardia
A desistência de uma adoção após um longo período de convivência levanta questões complexas sobre os direitos e responsabilidades dos adotantes, assim como os impactos emocionais para a criança adotada. Quando feita sem uma justificativa adequada após um longo período de convivência, pode configurar um abuso de direito e resultar em uma ação por danos morais.
Recentemente, um casal foi condenado a pagar R$ 15 mil em indenização por danos morais a um adolescente que esteve sob sua guarda provisória por um ano e sete meses antes de desistirem da adoção. A justificativa era a de que ele não correspondia ao perfil desejado e apresentava problemas de saúde e comportamentais.
Os tribunais brasileiros têm reconhecido a importância de proteger os direitos das crianças adotadas, impondo sanções aos adotantes que desistem de forma irresponsável. Essas medidas são essenciais para desestimular a desistência injustificada e assegurar que a adoção seja tratada com a seriedade que merece. A desistência irresponsável não apenas causa danos emocionais à criança, mas também pode configurar abuso de direito, resultando em consequências legais para os adotantes.
Auxílio Jurídico
Advogados especializados em adoção desempenham um papel importante no suporte a famílias adotivas, orientando-as nos procedimentos legais necessários para assegurar que a adoção seja reconhecida e protegida pela lei. Esses profissionais oferecem assistência em questões como propriedade, herança e guarda de filhos, além de garantir que os direitos de todas as partes sejam respeitados e protegidos. Dessa forma, eles ajudam os adotantes a entenderem suas responsabilidades legais e a tomarem decisões informadas durante o processo de adoção, a fim de promover um ambiente seguro e estável para o desenvolvimento das crianças adotadas.